A vida de Nubia: Sobre a guerra com o próprio corpo

Eu nunca fui magra, minha mãe disse que eu nasci com mais de 4kg e como foi parto normal, acabei "rasgando" ela, o que a fez ficar com a florzinha dela toda costurada, coitada. A minha infância foi como qualquer outra, exceto que boa parte dela eu usei em casa sozinha jogando vídeo game enquanto meus pais trabalhavam. Eu sempre fui comportada e responsável, comecei a trabalhar com 11 anos e sempre fui muito ativa, quanto a comida, eu tinha vários problemas com anemia e vivia tomando o famigerado Biotônico Fontoura. Meu lanche da escola era sempre compartilhado com os outros, não necessariamente por livre e espontânea vontade minha, mas faz parte, o que eu quero dizer é que não tive nada de diferente em questões de alimentação e atividades físicas.

Quando fiz 13 anos, meu pai decidiu que eu tinha que praticar algum esporte porque estava muito gorda, então acabei entrando no vôlei, lá fiquei até os 18 porque o ginásio ia fechar a quadra e tivemos que sair. Aos 15 vi que não adiantava apenas o vôlei e comecei a visitar a nutricionista do ginásio mesmo, ela me passou um cardápio pra seguir e a gente ia fazer o acompanhamento, um mês depois e eu enjoada de tanto filé de frango grelhado, vimos que não emagreci absolutamente nada, então ela me aconselhou alternar o vôlei com musculação e aprimorou a dieta. Os resultados andavam devagar quase parando, ela aconselhou ir a academia apenas quando não tivesse treino de vôlei mas eu sempre ia após os treinos também, porque adolescência né, a gente quer ser magrinha e bonitinha pra ser aceito. Não vou falar que não adiantou, mal sabia eu que aquela época seria a minha "mais magra", eu usava calça 46 e pesava 90 e poucos quilos, com 15 á tinha a altura que mantenho até hoje, de 1,77 sim, bem alta.

Eis que em 2006, acredito que eu tinha 19 anos, estava sem vôlei sem dinheiro e animo pra academia e ganhei um curso técnico em uma universidade grande aqui no litoral, a minha aula favorita era a de teatro, ajudou muito no meu desenvolvimento pessoal. No fim desse ano, já estávamos nas últimas aulas, todo mundo se aquecendo pra começar as atividades, eu perco o equilíbrio do corpo (isso sempre aconteceu comigo) e como o chão era super liso e meu tênis quase não tinha atrito naquele piso, eu escorreguei caindo com os dois joelhos dobrados, tipo a imagem aqui do lado, mas de um jeito mais triste, pois os coitados sofrem com meu peso e esforço que eu fazia neles e tive de ficar de andando de muletas um bom tempo.

Tive de fazer alguns meses de fisioterapia, pois fiquei sem os ligamentos dos dois joelhos, o ortopedista disse pra não jogar mais vôlei e esperar a liberação dele pra voltar na musculação. Eu caí no bom e velho sedentarismo, mesmo preocupada com a alimentação não adiantou muita coisa, fui subindo gradativamente até chegar nos malditos 3 dígitos. Após alguns anos minha vida ficou super corrida, era faculdade estágio e emprego tudo junto ao mesmo tempo, eu dormia 3~4h por dia e trabalhava aos sábados, quando consegui sair dessa rotina estressante e cheia de comidas rápidas de rua, eu voltei para a academia e dieta controlada. Constatei a minha dúvida: eu consigo não engordar e emagrecer o mínimo com os métodos convencionais de emagrecimento.

Hoje em dia estou com 25 e proibida de fazer qualquer tipo de atividade física, o ortopedista disse que eu teria de achar um jeito de emagrecer sem forçar os joelhos pois posso perde-los se continuar teimando. Tentei hidro e natação, mas o bolso chorou e o fato de estar desempregada no momento não ajuda também. Por enquanto estou em standby, esperando a contratação que está em andamento e o novo plano de saúde para iniciar a fase 2 de emagrecimento: cirurgia bariátrica.

Breve mais relatos. Hasta luego bebês! :-)

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